
Muito se especula sobre as origens da nossa amada Umbanda. Pois nesta pequena análise do livro de Rubens Saraceni, Umbanda Sagrada, tentamos esclarecer sobre o assunto.
Relembramos que este livro (e muitos outros) foram psicografados pelo autor através de espíritos evoluídos das camadas superiores com a intenção de esclarecer os homens sobre esta religião maravilhosa que é a Umbanda.
A Umbanda precisa ser explicada por ser uma religião nova e ainda em formação. Em formação porque os mistérios do seu Ritual sendo infinitos e complexos, os Mestres Divinos, vão-nos informando à medida que o tempo passa. Consoante o merecimento e a necessidade.
A Umbanda não é fácil de explicar e essa dificuldade reside maioritariamente no facto de nela existirem várias correntes de pensamento doutrinário.
A Umbanda tem, na sua base de formação os seguintes elementos:
- cultos afro
- cultos nativos
- doutrina kardecista
- religião católica
- orientalismo/hinduísmo
- magística
Destes elementos formadores das bases da Umbanda, surgem as suas correntes religiosas e doutrinárias:
1ª Corrente: Formada pelos espíritos nativos que acreditavam na imortalidade, nas divindades, no sobrenatural. Já conheciam a mediunidade uma vez que o xamanismo multimilenar já era praticado pelos seus pajés nas suas cerimónias.
Tinham o seu panteão ao qual recorriam em casos de necessidade, o qual temiam e respeitavam. Também este panteão estava directamente ligado a aspectos da natureza e da criação divina. Acreditavam também na existência de espíritos malignos e demónios infernais. Acreditavam na influência do espírito sobre o humano;
2ª Corrente: Os cultos de Nação africanos. Com as mesmas crenças, no entanto, algumas mais elaboradas e definidas. Alguns até com rituais específicos equilibradores. Respeitavam os seus ancestrais e prestavam-lhes cultos através de rituais elaborados que perduram até hoje, sendo um dos pilares de suas crenças religiosas. A Umbanda herdou dos cultos de nação afro o seu vasto panteão divino e tem no culto às divindades de Deus um do fundamentos religiosos. Este panteão é formado pelos Orixás, senhores do alto ou do Ori (cabeça) dos seus filhos, desenvolvendo rituais próprios da religação do encarnado ao seu Orixás protector. Esta corrente também demarca a era da incorporação. Praticada desde eras remotas por todos os povos (africanos) que foram para o Brasil. Dela se utilizavam como forma de se religarem ao seu Orixá protector (divindade) e também em rituais elaborados de cura.
Panteão Divino:
- Pontificado por um Ser Supremo;
- Divindades executadoras Dele (do Ser Supremo) junto dos homens;
- Auxiliares divinos do Ser Supremo na criação do mundo material
3ª Corrente: Formada por estudiosos da doutrina kardecista, os quais, na altura das incorporações, neles se manifestavam índios, ex-escravos negros, orientais, etc. Daqui surgiu uma corrente denominada "Umbanda Branca", bem aos moldes da doutrina espírita, mas na qual aceitam a manifestação de caboclos, pretos velhos e crianças (índios, negros, seres encantados da natureza). Corrente que pode ser caracterizada como o "meio-termo" entre o espiritismo e os cultos afro e nativos, pois está fundamentada na doutrina cristã, mas cultua valores religiosos dos cultos afro.
Umbanda Branca como corrente (3ª):
- não abre os seus cultos com cantos e atabaques, mas sim com orações a Jesus Cristo;
- Durante as sessões os cantos, os atabaques e as palmas são indispensáveis;
4ª Corrente: A magia!
Desde sempre que a humanidade recorre à magia quando se sente ameaçada por factores desconhecidos ou pelo mundo sobrenatural (actuações de espíritos malignos e/ou processos de magia negra). Dentro da Umbanda o uso da Magia Branca ou Positiva tornou-se tão recorrente que, hoje em dia é impossível separar uma coisa da outra, uma vez que são duas vertentes da mesma coisa: O Universo Divino.
Resumidamente estas são as correntes religiosas e doutrinárias que formam as bases de Umbanda. Temos ainda o sincretismo religioso que, ao contrário do que muitos seguidores pensam, existe e tem fundamento. Aliás é um procedimento de sabedoria incomum! Muitos religiosos não se sentem espiritualmente satisfeitos ou preenchidos e foi nesse sentido que a influência do catolicismo foi preciosa, tendo fornecido as suas imagens para que, colocadas nos nossos altares, criassem uma zona de transição confortável para o novo adepto, sob a directrizes do Bom Jesus e dos santos católicos.
Em conclusão:
- a Umbanda é uma religião sem preconceito para com todas as outras religiões
- a Umbanda é fundamentada na crença da existência de um Deus único e de um único Deus, ainda que também tenha todo um panteão muito bem definido nas divindades dos Orixás às quais reverenciamos, evocamos e oferendamos regularmente, pois cremos que cada um deles é uma divindade unigénita ou única gerada por Deus no campo e sentido da nossa vida onde cada uma delas actua
- cremos que, por serem mistérios divinos descritos e interpretados de forma humana, devem ser reverenciados, evocados, cultuados e oferendados respeitosamente. Se foram humanizados por nós é para podermos cultuá-Los de forma humana
- cremos na manifestação dos espíritos e na existência de um universo divino e outro espiritual. Ambos povoados por seres divinos humanizados e por seres humanos divinizados
- temos os nossos próprios fundamentos divinos, religiosos, espirituais e magísticos herdados das religiões ancestrais e adaptados ao tempo, cultura e grau evolutivo actuais
Assim a Umbanda é uma religião nova (porque tem só um século de existência) e ainda está em processo de evolução, sendo coordenada pelos seus mentores divinos (Orixás). A estrutura religiosa espiritual já está definida, o que nos falta é estruturá-la no plano material e dar-lhe definição de forma lenta e pensada, não fugindo aos seus fundamentos religiosos e divinos. Nesta linha de pensamento trabalhamos rumo à unificação e uniformização das correntes formadoras desta religião.
(texto baseado no estudo do livro Umbanda Sagrada - Religião, Ciência, Magia e Mistérios, de Rubens Saraceni), Ed. Madras
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