Nosso terreiro é Umbanda, mas a Religião de Umbanda é mais que nosso terreiro.
Nós somos Umbanda, mas Umbanda é muito mais que todos nós juntos. A Religião de Umbanda vai para além de conceitos e verdades locais ou limitadas a este ou aquele terreiro. Fato importante este, pois muitos umbandistas ao se decepcionarem com o terreiro que frequentam acabam abandonando a religião, porque estavam limitados ao templo físico e a seu orientador (sacerdote/dirigente/padrinho/pai-de-santo...).
Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibidos de ler livros de Umbanda, conhecer outras casas ou fazer perguntas sobre a religião.
Não podiam ler “para não fazer confusão”, não podiam frequentar outras casas “para não cruzar as linhas” e não podiam fazer perguntas “porque não estavam preparados, ainda, para as respostas”.
Quando surgiram alguns Cursos de Umbanda, muitos foram e ainda são proibidos de frequentar, e mais justificativas surgem, como “estão comercializando a Umbanda”, “Umbanda não se aprende em curso”, “vai pegar demanda” e outros.
Que outra forma existe para se organizar e passar o conhecimento de forma aberta e para todos?
(...)
Somos muitos que recebemos a missão de trabalhar na Umbanda e muitos a abandonam por não conseguir entender sua riqueza de elementos e complexidade litúrgica. Que, no entanto, podem ser explicados de uma forma simples, mas não simplista pois na Umbanda há muito o que se estudar.
Nada mais tranquilizador que entender o que se pratica, afinal como criar uma identidade umbandista, me reconhecer como tal, se não consigo ainda compreender o que vem a ser Umbanda.
Umbanda tem Fundamento...
É preciso preparar...
Existe a necessidade real do estudo que vá além da pratica, sem a pretensão de subestimá-la, mas com o objetivo de criar uma consciência “religiosa” que vá além do “terreiro”. Por falta dessa consciência a Umbanda já perdeu muito espaço e vem sendo criticada, tornando-se alvo, entre outros, de seitas neopentecostais.
Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas e até incapazes para a direção de um Templo, abriram suas tendas, criando a sua própria Umbanda e deram vazão a seus emocionais desequilibrados e seus vícios religiosos, pois não aceitavam a condição de liderados e almejavam ser líderes, bajulados ou temidos.
Então muitos abandonaram a Umbanda, depurando-a. É uma questão de tempo, para que os atuais e remanescentes dirigentes da Umbanda, realizem um trabalho de base, de doutrinação de seus liderados, instruindo-os e ensinando-os a prepararem bons médiuns e bons dirigentes de tendas. E então, a Umbanda conquistará seu verdadeiro espaço religioso, pois o tipo de trabalho realizado por ela, só os verdadeiros umbandistas podem realizar, porque são os herdeiros naturais dos sagrados Orixás.
Por isso, é necessário que todo sacerdote umbandista desenvolva uma consciência voltada para o aprendizado permanente.
Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários mais profundos, só surgirão com o amadurecimento da própria religião e quando todos os umbandistas desenvolverem uma consciência religiosa verdadeiramente de Umbanda e totalmente calcada em conceitos próprios, fundamentada na existência de um Deus único (Olorum) e na sua manifestação por meio de suas divindades (os sagrados Orixás ou Tronos de Deus).
Aqui apenas manifestaremos a vontade de aprender e ensinar sobre os mistérios que envolvem esta nossa amada religião.
Por Rubens Saraceni
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