segunda-feira, 25 de março de 2013

Umbanda




Muito se especula sobre as origens da nossa amada Umbanda. Pois nesta pequena análise do livro de Rubens Saraceni, Umbanda Sagrada, tentamos esclarecer sobre o assunto.

Relembramos que este livro (e muitos outros) foram psicografados pelo autor através de espíritos evoluídos das camadas superiores com a intenção de esclarecer os homens sobre esta religião maravilhosa que é a Umbanda.

A Umbanda precisa ser explicada por ser uma religião nova e ainda em formação. Em formação porque os mistérios do seu Ritual sendo infinitos e complexos, os Mestres Divinos, vão-nos informando à medida que o tempo passa. Consoante o merecimento e a necessidade.
A Umbanda não é fácil de explicar e essa dificuldade reside maioritariamente no facto de nela existirem várias correntes de pensamento doutrinário.
A Umbanda tem, na sua base de formação os seguintes elementos:


  • cultos afro
  • cultos nativos
  • doutrina kardecista
  • religião católica
  • orientalismo/hinduísmo
  • magística
Destes elementos formadores das bases da Umbanda, surgem as suas correntes religiosas e doutrinárias:

1ª Corrente: Formada pelos espíritos nativos que acreditavam na imortalidade, nas divindades, no sobrenatural. Já conheciam a mediunidade uma vez que o xamanismo multimilenar já era praticado pelos seus pajés nas suas cerimónias.
Tinham o seu panteão ao qual recorriam em casos de necessidade, o qual temiam e respeitavam. Também este panteão estava directamente ligado a aspectos da natureza e da criação divina. Acreditavam também na existência de espíritos malignos e demónios infernais. Acreditavam na influência do espírito sobre o humano;

2ª Corrente: Os cultos de Nação africanos. Com as mesmas crenças, no entanto, algumas mais elaboradas e definidas. Alguns até com rituais específicos equilibradores. Respeitavam os seus ancestrais e prestavam-lhes cultos através de rituais elaborados que perduram até hoje, sendo um dos pilares de suas crenças religiosas. A Umbanda herdou dos cultos de nação afro o seu vasto panteão divino e tem no culto às divindades de Deus um do fundamentos religiosos. Este panteão é formado pelos Orixás, senhores do alto ou do Ori (cabeça) dos seus filhos, desenvolvendo rituais próprios da religação do encarnado ao seu Orixás protector. Esta corrente também demarca a era da incorporação. Praticada desde eras remotas por todos os povos (africanos) que foram para o Brasil. Dela se utilizavam como forma de se religarem ao seu Orixá protector (divindade) e também em rituais elaborados de cura.

Panteão Divino:
  • Pontificado por um Ser Supremo;
  • Divindades executadoras Dele (do Ser Supremo) junto dos homens;
  • Auxiliares divinos do Ser Supremo na criação do mundo material

3ª Corrente: Formada por estudiosos da doutrina kardecista, os quais, na altura das incorporações, neles se manifestavam índios, ex-escravos negros, orientais, etc. Daqui surgiu uma corrente denominada "Umbanda Branca", bem aos moldes da doutrina espírita, mas na qual aceitam a manifestação de caboclos, pretos velhos e crianças (índios, negros, seres encantados da natureza). Corrente que pode ser caracterizada como o "meio-termo" entre o espiritismo e os cultos afro e nativos, pois está fundamentada na doutrina cristã, mas cultua valores religiosos dos cultos afro.

Umbanda Branca como corrente (3ª):
  • não abre os seus cultos com cantos e atabaques, mas sim com orações a Jesus Cristo;
  • Durante as sessões os cantos, os atabaques e as palmas são indispensáveis;
4ª Corrente: A magia!
Desde sempre que a humanidade recorre à magia quando se sente ameaçada por factores desconhecidos ou pelo mundo sobrenatural (actuações de espíritos malignos e/ou processos de magia negra). Dentro da Umbanda o uso da Magia Branca ou Positiva tornou-se tão recorrente que, hoje em dia é impossível separar uma coisa da outra, uma vez que são duas vertentes da mesma coisa: O Universo Divino.

Resumidamente estas são as correntes religiosas e doutrinárias que formam as bases de Umbanda. Temos ainda o sincretismo religioso que, ao contrário do que muitos seguidores pensam, existe e tem fundamento. Aliás é um procedimento de sabedoria incomum! Muitos religiosos não se sentem espiritualmente satisfeitos ou preenchidos e foi nesse sentido que a influência do catolicismo foi preciosa, tendo fornecido as suas imagens para que, colocadas nos nossos altares, criassem uma zona de transição confortável para o novo adepto, sob a directrizes do Bom Jesus e dos santos católicos.

Em conclusão:
  • a Umbanda é uma religião sem preconceito para com todas as outras religiões
  • a Umbanda é fundamentada na crença da existência de um Deus único e de um único Deus, ainda que também tenha todo um panteão muito bem definido nas divindades dos Orixás às quais reverenciamos, evocamos e oferendamos regularmente, pois cremos que cada um deles é uma divindade unigénita ou única gerada por Deus no campo e sentido da nossa vida onde cada uma delas actua
  • cremos que, por serem mistérios divinos descritos e interpretados de forma humana, devem ser reverenciados, evocados, cultuados e oferendados respeitosamente. Se foram humanizados por nós é para podermos cultuá-Los de forma humana
  • cremos na manifestação dos espíritos e na existência de um universo divino e outro espiritual. Ambos povoados por seres divinos humanizados e por seres humanos divinizados
  • temos os nossos próprios fundamentos divinos, religiosos, espirituais e magísticos herdados das religiões ancestrais e adaptados ao tempo, cultura e grau evolutivo actuais
Assim a Umbanda é uma religião nova (porque tem só um século de existência) e ainda está em processo de evolução, sendo coordenada pelos seus mentores divinos (Orixás). A estrutura religiosa espiritual já está definida, o que nos falta é estruturá-la no plano material e dar-lhe definição de forma lenta e pensada, não fugindo aos seus fundamentos religiosos e divinos. Nesta linha de pensamento trabalhamos rumo à unificação e uniformização das correntes formadoras desta religião.


(texto baseado no estudo do livro Umbanda Sagrada - Religião, Ciência, Magia e Mistérios, de Rubens Saraceni), Ed. Madras

segunda-feira, 18 de março de 2013

Umbanda é mais que o nosso Terreiro


Nosso terreiro é Umbanda, mas a Religião de Umbanda é mais que nosso terreiro. 
Nós somos Umbanda, mas Umbanda é muito mais que todos nós juntos. A Religião de Umbanda vai para além de conceitos e verdades locais ou limitadas a este ou aquele terreiro. Fato importante este, pois muitos umbandistas ao se decepcionarem com o terreiro que frequentam acabam abandonando a religião, porque estavam limitados ao templo físico e a seu orientador (sacerdote/dirigente/padrinho/pai-de-santo...).
Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibidos de ler livros de Umbanda, conhecer outras casas ou fazer perguntas sobre a religião.
Não podiam ler “para não fazer confusão”, não podiam frequentar outras casas “para não cruzar as linhas” e não podiam fazer perguntas “porque não estavam preparados, ainda, para as respostas”.
Quando surgiram alguns Cursos de Umbanda, muitos foram e ainda são proibidos de frequentar, e mais justificativas surgem, como “estão comercializando a Umbanda”, “Umbanda não se aprende em curso”, “vai pegar demanda” e outros.
Que outra forma existe para se organizar e passar o conhecimento de forma aberta e para todos?

(...)


Somos muitos que recebemos a missão de trabalhar na Umbanda e muitos a abandonam por não conseguir entender sua riqueza de elementos e complexidade litúrgica. Que, no entanto, podem ser explicados de uma forma simples, mas não simplista pois na Umbanda há muito o que se estudar.
Nada mais tranquilizador que entender o que se pratica, afinal como criar uma identidade umbandista, me reconhecer como tal, se não consigo ainda compreender o que vem a ser Umbanda.

Umbanda tem Fundamento...
É preciso preparar...

Existe a necessidade real do estudo que vá além da pratica, sem a pretensão de subestimá-la, mas com o objetivo de criar uma consciência “religiosa” que vá além do “terreiro”. Por falta dessa consciência a Umbanda já perdeu muito espaço e vem sendo criticada, tornando-se alvo, entre outros, de seitas neopentecostais.


Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas e até incapazes para a direção de um Templo, abriram suas tendas, criando a sua própria Umbanda e deram vazão a seus emocionais desequilibrados e seus vícios religiosos, pois não aceitavam a condição de liderados e almejavam ser líderes, bajulados ou temidos.
Então muitos abandonaram a Umbanda, depurando-a. É uma questão de tempo, para que os atuais e remanescentes dirigentes da Umbanda, realizem um trabalho de base, de doutrinação de seus liderados, instruindo-os e ensinando-os a prepararem bons médiuns e bons dirigentes de tendas. E então, a Umbanda conquistará seu verdadeiro espaço religioso, pois o tipo de trabalho realizado por ela, só os verdadeiros umbandistas podem realizar, porque são os herdeiros naturais dos sagrados Orixás.


Por isso, é necessário que todo sacerdote umbandista desenvolva uma consciência voltada para o aprendizado permanente.
Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários mais profundos, só surgirão com o amadurecimento da própria religião e quando todos os umbandistas desenvolverem uma consciência religiosa verdadeiramente de Umbanda e totalmente calcada em conceitos próprios, fundamentada na existência de um Deus único (Olorum) e na sua manifestação por meio de suas divindades (os sagrados Orixás ou Tronos de Deus).
Aqui apenas manifestaremos a vontade de aprender e ensinar sobre os mistérios que envolvem esta nossa amada religião.

Por Rubens Saraceni




sábado, 9 de março de 2013

Apresentação

Olá Irmãos em Oxalá!!

Este blog não tem a pretensão de ser dono da verdade.
"O objectivo maior é alcançar o maior número de pessoas através de informações e ensinamentos aqui transmitidos, assim como aprender com quem nos queira ensinar para que assim possamos, todos juntos, ajudar a divulgar a nossa religião.
A Umbanda é uma religião linda, encantadora, maravilhosa, mas muitos de nós ainda sentimos a descriminação, o preconceito e reclamamos disso. No entanto, nem sempre fazemos a nossa parte: ter orgulho em levantar a bandeira de Oxalá, ter orgulho de ser Umbandista e tornarmo-nos formadores de opinião. Para isso precisamos conhecer a religião de Umbanda, precisamos estudar a religião de Umbanda. Queremos que esse orgulho seja mostrado livremente à sociedade, para que haja, no mínimo respeito pela nossa religião. E esse respeito só será alcançado se a sociedade compreender que nós sabemos o que estamos a fazer, que nós sabemos o que estamos a praticar, que nós sabemos de onde vem, onde está e para onde, possivelmente, irá a nossa religião. Sabemos, porque conhecemos os fundamentos da Umbanda e é esse conhecimento, são esses fundamentos que vão ajudar-nos a mudar a opinião da sociedade em relação à Umbanda e em relação a nós."
(Alexandre Cumino)

Todas a informações deste blog terão por base o "Curso de Teologia de Umbanda", psicografado por Rubens Saraceni e ministrado por Alexandre Cumino.

Todas as informações, textos, relatos, psicografias e outros ensinamentos aqui expostos que não forem da nossa autoria, serão devidamente referenciados.

Das informações aqui colocadas, qualquer um poderá, copiar, transcrever, guardar. É esse o objectivo. Assim como nós guardaremos e assimilaremos toda a informação aqui deixada, como um conhecimento adquirido:

"Com os espíritos mais evoluídos aprenderemos! Aos espíritos menos evoluídos ensinaremos. E a nenhum espírito renegaremos."

(Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio de Moraes)

Da nossa parte o nosso mais profundo respeito a vocês que estão desse lado.

Axé, irmãos!
Que Oxalá nos abençoe a todos!